Análise - On Golden Pond (1981)

14-04-2014 14:58

On Golden Pond (1981)

Pode não parecer, mas este é um daqueles casos em que, para quem procura um drama intenso familiar, acaba por encontrar um argumento com potencial, perdido no meio de momentos lamechas.

On Golden Pond foi um daqueles filmes que ia deixando na prateleira, com "medo" da intensidade dramática que uma história centrada na velhice e nas suas problemáticas pode despoletar. Contudo, aconteceu exactamente o contrário; o que podia ter sido  um mosaico bem conseguido das complexas relações familiares, do crescimento e da inabituação com a perda da juventude, foi afinal e apenas uma fotografia que envolve um casal adorável de personagens (graças a dois ícones da representação), um lago, um piano entediante (nunca julguei dizer isto...como é possível alguém destilar tanto mau gosto, carregar nos bemóis a torto e a direito...nem por o filme se passar nos anos 80, o que acontece com a banda sonora do filme é justificável), e por último, um abuso de aparições de mergulhões (pensei por momentos que estava a assistir a um episódeo do National Geographic), que não servem de simbolos, nem de analogias. Que me desculpe o realizador ou o argumentista, ou até o produtor. Os mergulhões são desnecessários e aborrecem.

O que acontece neste filme, é o excesso de confiança na sentimentalidade do expectador, o que originou momentos preguiçosos no filme por parte do responsável pela adaptação do livro, e na realização em geral. O argumento tinha potencial, conseguiram 3 grandes actores (dois dos maiores de sempre), e deixaram que o ouro que tinham em mãos não desse origem a nada de novo.

 

Resumidamente, On Golden Pond, retrata a história de um casa idoso, que todos os anos passa uma temporada na sua casam no local com o mesmo nome do filme. O homem, depara-se com problemas de memória e questiona-se frequentemente sobre qual o sentido que a vida tem, agora que se vê como um velho. A esposa é uma mulher alegre, que vive intensamente os momentos, e que serve de alicerce à família. Com a chegada da filha que não vêm à alguns anos e do enteado desta, supostamente, o que a premissa nos diz, e que vamos assistir a um reencontro de problemas neste lago dourado, que o amor irá conseguir superar, unindo as desavenças. Isto porém não contece no filme. Ficamos com a sensação amarga que nada ficou resolvido, e que não é pela partilha de um momento entre pai e filha, que a ternura explode e os problemas de relacionamente se dissipam. Cheguei até a questionar-me se a presença da Jane Fonda no papel de filha era fundamental para o filme.

Felizmente, o que alimenta um argumento a soçobrar, são indubitávelmente as interpretações sem mácula de Henry Fonda e Katherine Hepburn, merecidas como foram, de Oscar.

É sempre um grande privilégio poder assistir à facilidade com que estes actores nos transportam para os medos e vivências das suas personagens, expondo-as de si próprios, com grande honestidade e transparência.

Para mim, o filme justifica-se pela presença destes dois grandes no ecrã, e deixou-me uma sensação de amargura, porque o que profetiza (pontuação de quase 8 no IMDB, nomeado para 10 (!) Oscares -um deles para melhor música!-) nunca se concretiza na sua plenitude, não conseguindo deixar a imagem de filme mediano e sentimentalista, típico da sua época.

 

 

 

 

 

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